terça-feira, 12 de junho de 2012

dos requisitos

A partir das etapas anteriores, foram definidos alguns requisitos da linha de papelaria:

• preservar as manifestações de identidade da Cooperunião
• utilizar sacos de cimento como material destaque e diferencial nos produtos
• informar o diferencial do produto ao público
• otimizar o sistema de produção, gerando o mínimo de resíduos possível
• ser acessível à cooperativa, em termos de produção, utilizando ferramentas que ela já possui
• ser um produto economicamente sustentável
• dar retorno financeiro à cooperativa
• possuir um diferencial visual frente aos concorrentes 
• possuir uma identidade visual integrada entre os produtos da linha

do produto de papelaria

Para ajudar na geração de alternativas, foi feito um breve estudo de arquitetura dos componentes dos produtos de papelaria. Para isso, foi necessário escolher um gênero de produtos a ser analisado. Por ser um produto recorrente e de grande uso em termos de papelaria e pelas suas várias possibilidades, por não ter muitas exigências formais, foi escolhido o bloco de anotações.

A partir disso, foram elencados os componentes mais relevantes de um bloco de anotações:
1) capa;
2) miolo;
3) encadernação.

Foi feito um brainstorming de possibilidades em cada um desses componentes, que poderiam ser observados na geração de alternativas como diferenciais do produto a ser desenvolvido:
1) capa
• variação de formato: capa simples, capa fechada, capa sanfonada, capa com orelha...
• variação de estampa: impessão, serigrafia, colagem...
• possibilidade de fecho: string and button, botão, manta magnética, elástico...
2) miolo
• tipo de papel: off-set, reciclato, pólen, kraft...
• estilo do papel: pautado, sem pauta, quadriculado, pontilhado, algum grafismo ilustrado...
• possibilidade de conteúdo: sobre o reaproveitamento do saco de cimento...
3) encadernação
• espiral (plástico ou metal), wire-o, artesanal (costura), canoa...
Na Cooperunão, há uma preferência pela encadernação em espiral, já que é mais rápida e elas possuem o equipamento. Atualmente, os produtos de papelaria vendidos são feitos com esse tipo de encadernação. Então, foi feita uma pesquisa maior sobre isso, com possíveis variações ainda nesse aspecto da espiral:
Possibilidades de encadernação em wire-o (aplicáveis à espiral)

domingo, 10 de junho de 2012

dos concorrentes

A fim de conhecer o que já existe no mercado e identificar os concorrentes – diretos e indiretos, foi feita uma pesquisa de produtos de papelaria.
Neste projeto, identifiquei como concorrentes diretos da Cooperunião aqueles que vendem a mesma linha de produtos de papelaria, para o mesmo público alvo, com uma faixa de preço similar. Nesse grupo, entram cadernos, blocos de anotações, post-its, rique e rabisques, agendas e outros, de produção artesanal, manufaturada ou industrial.
Os concorrentes indiretos da Cooperunião podem ser aqueles:
• que vendem a mesma linha de produtos de papelaria, mas para um público diferente, por exemplo para homens ou crianças;
• que vendem produtos diferentes, mas atingem o público alvo com o intuito de substituição do produto, por exemplo notebooks ou tablets.

Para o meu projeto, acredito ser relevante estudar os concorrentes diretos principalmente e, subsidiariamente, o primeiro grupo de concorrentes indiretos.
Selecionei alguns concorrentes diretos, do que já é produzido aqui no DF, por cooperativas ou associações:

Agenda feita pela Noart, bordadeiras do Paranoá

Bloquinho de recados do grupo Meimei, de Santa Maria

Como se pode perceber, a produção de artigos de papelaria não inova muito e os produtos não são referências em termos de estilo, apesar do acabamento ser muito bom. O mesmo pode ser observado nos produtos da Cooperunião:

Agendas e bloquinho produzidos pela Cooperunião

Até mesmo em produtos industrializado ou de lojas mais conhecidas, a inovação é pouca e o estilo é o aspecto mais explorado:

Caderno pautado da Tilibra.
Caderno sem pauta, com elástico para fechar da Joy Paper.

Caderno pautado, da Rifle Paper Co.

Caderninho com capa revestida de tecido e etiqueta em papel vegetal, da Corrupiola.

Abaixo, selecionei alguns concorrentes que se destacaram pelo estilo e inovação:

Bloco semanal com encadernação com cola e espaço para armazenar as folhas das semanas que passaram. Fechamento com ímã. Saiba mais.

Caderno com encadernação em linha, com separadores de capítulos. Saiba mais.

Bloco de anotações com encadernação com cola e espaço para armazenar as folhas destacadas. Detalhe na folha do bloquinho. Fechamento com ímã. Saiba mais.

Pasta, caderno e envelope para armazenar folhas. Saiba mais.

Livro sanfonado (2 em 1), com encadernação de linha e capa de papel paraná revestido em tecido. Saiba mais.


Caderno com capa em tecido, que dá uma volta e meia, preso com fitas e botão. Saiba mais.

Caderno com capa em tecido, com espaço para colocar a caneta/lápis.
Kit com 4 caderninhos, em uma embalagem de papelão. Saiba mais (vale a pena ver cada um dos caderninhos do kit).

Caderno com fecho string and button. Saiba mais.


Outros links consultados:
A Little Hut
Ateliê Cris Okabe
Catálogo de Produtos Paranoarte
Maria Caderneta
Papelaria Tête-à-Tête
Ponoko: moleskine cover
Santa Cartolina
The Daily Smudge

sábado, 9 de junho de 2012

do potencial usuário

Para desenvolver uma linha de papelaria para Cooperunião, é necessário entender quem é potencial comprador desse tipo de produto e quem a cooperativa tem interesse em atingir.
Os atuais produtos de papelaria produzidos pela Cooperunião já tem um público definido: mulheres. Os cadernos e agendas feitos têm características femininas, com o uso de flores com finalidade ornamental. Entretanto, a cooperativa relatou problemas quanto à venda desses produtos na feira da torre, apesar de não saber ao certo o porquê disso.
As possíveis causas desses problemas são:
estilo: os produtos podem não agradar o público alvo por não serem visualmente agradáveis.
preço: as agendas tamanho a5 custam R$25,00 – preço compatível com o de um produto concorrente industrializado. O público alvo pode achar caro ou não ver vantagem em adquirir a agenda da feira ao invés de uma agenda de loja.
exposição do produto: não há estratégias de promoção do produto frente a tantos outros que competem a atenção do público no box da feira da torre.
inovação: os produtos não são inovadores, frente aos concorrentes diretos (cadernos e agendas feitos por um processo de manufatura).

Assim, pretendo trabalhar com o mesmo público, entretanto, segmentando-o mais a fim de entender mais profundamente como o atingir. Dessa forma, buscarei resolver os problemas de estilo com mais embasamento na realidade do potencial usuário e seu estilo. Além disso, o produto deverá ter algum diferencial que lhe dê vantagem competitiva frente a seus concorrentes e que agregue mais valor, justificando o atual preço. Por fim, será necessário atuar também com ações de marketing e publicidade do produto.


Os potenciais usuários da linha de papelaria a ser projetada são:
• mulheres
• jovens
• das classes sócio-econômicas A, B e C1 (de acordo com a ABEP) – não necessariamente com renda própria
• residentes em Brasília ou turistas
• fazem atividades que requerem o uso do produto (escola, cursinho, faculdade) ou gostam de itens de papelaria


Para melhor compreensão do público alvo, fiz um painel de estilo de vida:

Painel de estilo de vida



























da definição do projeto

Conforme havia postado, para Manzini, existem duas possibilidades da participação do designer em uma comunidade: projetando para e projetando em. Depois de estudos e leituras, que me ajudaram a compreender melhor a disciplina, e da visita à Cooperunião, pude definir melhor o escopo do meu projeto.


Estudando as possibilidades de trabalho com a Cooperunião, enxerguei 3 possíveis caminhos a seguir:
1) desenvolver produtos com base na flor;
2) desenvolver melhor a linha de papelaria;
3) criar outro produto utilizando sacos de cimento.

A primeira possibilidade não me pareceu muito atrativa, a partir do momento em que conheci melhor a história da Cooperunião e percebi que a flor é um case de sucesso na cooperativa, sendo que meu papel seria otimizar uma solução que já dava certo.
A terceira possibilidade foi a que mais me chamou atenção no início de todo o projeto. Entretanto, me preocupo com o cronograma e com o tempo que escolher essa frente pode demandar em termos projetuais, sendo o material muito específico e peculiar. Seriam necessárias várias etapas de experimentações, protótipos e testes, para que o resultado fosse um produto que a comunidade, de fato, pudesse passar a comercializar.
Passando então para a segunda possibilidade, percebi que era a mais viável para o contexto.
Quando conheci a cooperativa, Maria me falou que o grupo de artesãs estava com dificuldades em criar linhas de papelaria e que essa era a principal demanda que elas tinham. Decidi que meu papel frente à comunidade com a qual estou trabalhando, em um primeiro momento, seria melhor aproveitado se eu tiver projetando em, ou seja, agindo como uma facilitadora para que ideias se transformem em soluções.

Sendo assim, meu projeto consiste em desenvolver linha de papelaria para a Cooperunião.

A partir de um projeto definido, já posso tirar alguns requisitos de projeto das etapas anteriores:
• preservar as características de identidade da cooperativa;
• utilizar sacos de cimento como material destaque e diferencial nos produtos;
• inserir a Cooperunião no processo;
• otimizar o sistema de produção, gerando o mínimo de resíduos possível, por meio de produtos sustentáveis;
• ser acessível à cooperativa, em termos de produção, utilizando ferramentas que ela já possui.

domingo, 3 de junho de 2012

dos 3r's

Os 3r's já viraram um clichê da responsabilidade ambiental. Mas até que ponto isso é, de fato, sustentabilidade? O que exatamente são os 3r's? Qual a relação dos 3r's com a disciplina e, mais importante, com o meu projeto?
Este post visa responder todas essas perguntas e ele surgiu quando eu passei a me confundir com os termos "reciclar" e "reutilizar", sem saber exatamente qual utilizar para me referir ao processo feito pela Cooperunião – Artesanato. Para ser mais técnica no meu projeto e estudar mais a fundo a sustentabilidade, decidi pesquisar sobre o tema.

Reduzir. Reutilizar. Reciclar. Os 3r's que são comumente associados ao conceito de sustentabilidade. Eles se tratam, na verdade, de práticas para redução de lixo.
A hierarquia dos resíduos é um conceito utilizado no campo da gestão de resíduos que tem por finalidade identificar e classificar as estratégias de eliminação de lixo. A pirâmide é invertida, já que o ideal é que haja mais redução, reutilização e reciclagem de materiais. Caso não seja possível a reciclagem, o resíduo será queimado para criar energia. E se isso não for possível, será depositado em um aterro sanitário, o que é, de longe, a pior das opções, pelos danos ambientais que causa.

Pirâmide da Hierarquia dos Resíduos













É importante lembrar, contudo, que a sustentabilidade é muito mais do que isso. A redução de resíduos é apenas a ponta do iceberg, é um dos papéis que o indivíduo pode assumir se quiser contribuir para uma sociedade ambientalmente sustentável.
Vi esse vídeo, The Story of Stuff, e foi bastante esclarecedor nesse âmbito de recursos naturais e os agentes da sociedade com suas devidas responsabilidades atribuídas.
É importante lembrar que todo esse cenário exposto pelo vídeo também é só uma parcela do que é a sustentabilidade de fato, conforme abordei neste post.
Assim, a prática dos 3r's < sustentabilidade ambiental < sustentabilidade.




Retomando a ideia de que os 3r's são práticas para diminuir a quantidade de lixo, é interessante destrinchar os conceitos de cada um dos r's:

Reduzir: trata-se de comprar menos, diminuir o consumo do que não é necessário. Práticas ligadas à reutilização são: dar preferência a materiais não-descartáveis (por exemplo, se puder optar entre copos descartáveis e copos de vidro, escolher o segundo), preferir produtos embalados em maior quantidade (por exemplo, na hora de comprar um sabão em pó, escolher o pacote econômico), consertar os produtos (ao invés de jogar fora e comprar outro), dividir produtos (aqueles que têm um período de uso curto, por exemplo, uma furadeira).

Reutilizar: trata-se de transformar um material em outro. Na reutilização, não há um reprocessamento. A reutilização de produtos pode ser feita utilizando-o para a mesma finalidade ou para uma finalidade diversa daquela de origem. Práticas de reutilização são: reaproveitamento de materiais (por exemplo, usar uma caixa de sapato para armazenar objetos, todos os exemplos deste post, o meu projeto :), os projetos da Déborah, da Isabel e do Guilherme...).

Reciclar: trata-se de um termo utilizado para materiais que podem voltar ao estado original e ser transformado novamente em um produto igual em todas as suas características. A reciclagem envolve o reprocessamento do material, ou seja, uma etapa (que tem gasto de energia) responsável por fazer o resíduo virar o mesmo produto que era antes. Assim, não é correto empregar o termo "papel reciclado" para aquele papel de cor bege que a gente encontra por aí, já que as características (cor, textura) são diversas do material que o originou. Diferentemente da latinha de alumínio, por exemplo, que, após ser derretida, é possível formar uma latinha igual à que a originou.

Assim, no contexto de PP3, é importante ressaltar que os 3r's são apenas uma das várias estratégias que podemos adotar nessa disciplina que propõe o design sócio-ambiental. No que tange ao meu projeto, acredito que o cenário de reutilização – inerente ao tema que escolhi – será apenas um dos caminhos para propor soluções para a Cooperunião.



Outros links consultados:
NC3rs
Regra dos 3Rs
Story of Stuff
Useless Design: hierarquia do lixo (esse blog tem umas coisas bem legais :) )

sexta-feira, 1 de junho de 2012

da flor

Depois de conhecer e entender melhor o funcionamento da cooperativa como um todo, ainda no dia 23 de Maio, fui conhecer especificamente a área de artesanato de lá. Quem me recebeu foi a Maria, que é a líder do grupo das artesãs.

Maria, na Cooperunião

















Ela me contou sobre o trabalho do grupo, que conta com 5 mulheres. Elas desenvolvem trabalhos com a reutilização do saco de cimento. O carro-chefe delas é a flor, vendida separadamente como elemento de decoração. Digo que é o carro-chefe tanto por ser o diferencial delas como pela repercussão que teve no universo do design, inclusive.
Em 2009, o estilista Ronaldo Fraga contratou o grupo de artesanato da Cooperunião para fazer centenas de flores a fim de decorar o desfile do Brasília Fashion Festival. Além disso, a Tok&Stok também terceirizou o serviço na cooperativa e vendia as flores nas lojas, como objeto de decoração.
O estilista Ronaldo Fraga com as flores da Cooperunião

Etiqueta da flor, Cooperunião + Tok&Stok

Atualmente, o grupo de artesãs da Cooperunião está vendendo seus trabalhos exclusivamente na feira da torre, além de atender a encomendas (no dia que visitei, por exemplo, Maria me falou que tinha acabado de fazer centenas de rosas para enfeitar o coffee break de um evento).

O box da feira da torre que elas utilizam é o mesmo postado antes pela Ana Cecília e pela Isabella no blog do projeto delas. É relevante ler este post especificamente, que mostra um panorama sobre o desempenho do box frente à feira.


Flores feitas de saco de cimento. Vaso à esquerda feito com jornal e, à direita, feito com saco de cimento.

Flor que é vendida na feira da torre

Além das flores, a Cooperunião expõe produtos de papelaria que são feitos também a partir do reaproveitamento dos sacos de cimento. 

Agenda: capa de papel paraná revestido de saco de cimento, com detalhes também de saco de cimento; espiral  de plástico para encadernação; etiqueta informando sobre a natureza do produto.


Agenda: miolo com folhas impressas em gráfica parceira; espaço para caneta feito de saco de papelão.



















Encadernação com outra alternativa de elástico.  

Pode-se observar que a flor é um registro claro da identidade do grupo. Elas buscam sempre utilizar-se desse elemento decorativo para também mostrar quem são. Conversando com a Maria, ela me disse que o grupo quer desenvolver uma linha de papelaria,  "um kit escritório", segundo ela, contendo um risque rabisque, uma agenda e um bloco de notas. A principal dificuldade para elas é na inovação dessas novas linhas e elas me pediram um auxílio principalmente nesse sentido.